" Rapture"  de Ai Weiwei

 Artista e activista pelos direitos humanos de nacionalidade chinesa a viver actualmente no Alentejo, mostra-nos na Cordoaria Nacional, a exposição " Rapture". Trata-se da sua primeira exposição individual  e reúne 85 obras num espaço de 4000 metros quadrados. 

Ainda antes de entrar, fico encantada com a escultura monumental feita com mais de 900 bicicletas, "Forever Bicycles".

Já dentro do edifício,  o meu olhar perde-se entre a imensidão do espaço e a criatividade do artista,  para depois se encontrar e, calmamente observar atentamente todas as obras, captando aqui e ali uma imagem para reter na memória e no tempo.


Ai Weiwei utilizou em algumas das obras expostas, matéria prima portuguesa como a cortiça, o azulejo, a cerâmica e o mármore, neste ultimo, realizado num único bloco de mármore,  podemos observar um gigante rolo de papel higiénico que representa a reacção da comunidade perante a Covid 19, que fez esgotar o stock deste nos supermercados. De facto este comportamento levou-me, e provavelmente muita gente,  a pensar quais sãos as nossa prioridades, quando perante algo tão grave nos preocupamos com algo insignificante face ao momento vivido...
A "Figura sem Cérebro", um auto retrato do artista feito todo em cortiça, o "Mapa Mundi" com tecidos da Pedrosa e Rodrigues, uma peça de 2006 recriada em Portugal e "Odissey", uma obra também recriada usando a porcelana Viúva Lamego num painel  em azul cobalto que conta com mais de  1800 azulejos  todos pintados à mão pelos artesãos da empresa nacional,  evoca a tragédia dos refugiados.





 
Entre a cruel realidade da desigualdade e o mundo mitológico todas as  obras prendem o nosso olhar e nos alertam de algum modo para o que está mal neste mundo em que vivemos.
 "Zodíaco"  foi feito com peças de Lego que o artista reuniu de doações de várias pessoas, após ter lançado um apelo numa rede social.  Ai Weiwei, deixava um carro aberto num determinado lugar e assim reuniu uma quantidade abismal do que era "lixo" para alguns...uma forma peculiar e simultaneamente sustentável de contornar uma rejeição, após a empresa  Lego se negar a colaborar.  



"Snake - Ceyling" uma cobra formada por centenas de mochilas em homenagem às crianças vitimas do terramoto de Sichuan em 2008.


"Low of the Jouney"  um semirrígido de 10 metros de comprimento que nos alerta para a crise global  dos refugiados, não nos permite esquecer este grave problema social



O bambu e  o papel de seda com que são feitas as lanternas chinesas, dão vida às figuras aladas mitológicas  sobrevoando, estáticas,  as nossas cabeças. A porcelana herdada da Dinastia Tang, também é visível nesta exposição, deixando bem patente as raízes do artista, não obstante  a prisão e o exílio. E até os dias que viveu em clausura, sem ter um segundo  a sós, nem para as mais básicas necessidades, estão aqui  representados. 






Uma exposição que nos faz pensar e repensar...




O meu dia terminou entre amigos, há muito que não nos víamos devido à pandemia e a fazer umas das coisas que mais gosto; fotografar! 














 


Comentários

  1. Lindissima reportagem de uma tarde excelente!!Belas fotos e muita informação! Obrigada!!

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  2. Obrigada por me teres permitido fazer esta "visita virtual" à exposição, já que provavelmente será a única.... o final de dia foi em grande, que belas fotos dum e doutro local.....

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    1. Foi uma tarde fabulosa! Muito obrigada minha amiga. Um beijinho grande.

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