Registos da Memória / Itália - Milão - 2016

 Em tempos complicados a melhor solução é descomplicar. 

Procurar o melhor que nos é "permitido", algo que nos limpe a mente e eleve a alma. E eu escolhi viajar! Em tempo de confinamento viajei através da memória, exercitei a criatividade e pus em prática um dos meus hobbies preferidos. Escrever! Usando a técnica de "scarpbook" dei inicio ao meu diário de viagem.  

 Recordar uma viagem "obriga" a sentar, a fazer uma pausa na correria do dia a dia, procurar informação sobre os locais visitados, reviver. Esta "técnica" permite desenhar, carimbar, escrever, recortar, trabalhar a composição de cores e materiais, sentir o cheiro do papel e dos restantes materiais e finalmente, ver, sentir, tocar a fotografia, pela qual sou apaixonada. Rendida ao digital, apenas circunstancialmente aprecio as minhas fotos impressas em papel,  esta viagem permitiu-me viajar  no espaço e no tempo, afastando-me da superficialidade do imediato, contudo a vontade de partilhar experiencias permanece e aqui estou eu, no imediato e num formato prático,  partilhando a minha experiencia que foi extraordinária. As sensações sentidas não são partilháveis, mas posso partilhar "registos da memória!

"Viajar é mudar a roupa da alma  "Mário Quintana"

No dia 30 de Outubro de 2016, viajei até Milão para me juntar a um grupo de pessoas que tinham adquirido a mesma viagem que eu.

 O circuito era o clássico "Itália al Dente" com visita às cidade de Milão - Verona - Veneza - Florença - Pisa - Siena - Roma e Vaticano.

Cheguei a Milão já perto da meia noite e fui direta ao hotel, só na manhã seguinte me iria juntar ao grupo. 

Entro no quarto, registo a minha alegria e preparo-me para descansar.

Um pouco meu diário

Dia 31 de Outubro de 2016

Acordam-me bem cedo e dou-me conta que estes dias serão madrugadores. Após o pequeno almoço começa, verdadeiramente, a minha viagem com uma visita às magnificas Galerias Victtorio Emanuele II, nome escolhido em homenagem ao primeiro rei de Itália, Vittorio Emanuele II di Savoia, que colocou a primeira pedra deste projecto no dia 7 de  Março de 1865. Apesar da sua grandiosidade a obra levou apenas dois anos a ser construída tendo sido inaugurada, oficialmente, a 15 de Setembro de 1867. É o centro comercial mais antigo de Itália. 

Galerias Vittorio Emanuele II 

Estou deslumbrada com tanta beleza arquitectónica, o chão exibe os signos do zodíaco e reza a lenda que no séc. XIX as mulheres tocavam os genitais do  touro com a crença que este lhes traria fertilidade, já para os homens era símbolo de força e vigor. Nos dias de hoje existe a tradição de colocar o calcanhar no lugar dos "ditos" que entretanto desapareceram de tanto serem pisados, os desgraçados, rodopiar três vezes e asseguramos a nossa sorte... e lá volteie eu mantendo a tradição para não quebrar a sorte. As pinturas que se encontram junto à cúpula representam os quatro continentes / Europa, África, América e Ásia. A sua cúpula mede 39 metros de diâmetro e encontra-se a 47 de altura do nível do chão,  a riqueza artística e arquitectónica é indescritível. Encontro-me verdadeiramente fascinada e vou guardando na  maquina fotográfica breves momentos que servirão para  me avivar a memória e eternizar o momento. 

Pedacinho do meu diário

Passeio pelas ruas da cidade, peço a algum companheiro de viagem que me registe o momento e sinto-me feliz. 

Numa curva surge um "amarelo" mas não da carris, sinceramente, na minha ignorância achava que este era exclusivo de Portugal, avisto o monumento dedicado a Leonardo da Vinci, visito o Castelo Sforza e maravilho-me com o  majestoso Duomo.

O "amarelo" de Milão

Estátua a Leonardo da Vinci e seus discípulos mais próximos 

Torre Di Santi Spiriti - Castelo Sforza

O Rocchetta - Interior do Castelo Sforza

Torre de Filarete - Castelo Sforza 

Recantos de Milão

A construção do Duomo foi um longo projecto que teve inicio em 1386 por vontade do Bispo de Milão que previa uma igreja pouco ostensiva. Porém um ano depois o Duque Dian Gaelazo Visconti assumiu a direcção da construção e impôs uma obra mais do seu agrado e assim nasceu uma enorme igreja gótica completamente construída em mármore. O gigantesco projecto decorreu  ao longo de longos 500 anos, sendo que a fachada da Catedral só ficou complecta no séc. XIX, por pressão de Napoleão Bonaparte que no ano 1805, se proclamou rei de Itália e quis ser coroado no Duomo de Milão. 
Enquanto Rei, Napoleão I  rei de Itália, administrou as regiões a norte, Piemonte, Milão, Génova, indo até à região central de Roma, conseguindo extinguir os bens papais no centro do país. 
Após a sua coroação o número de esculturas não parou de crescer sendo hoje a Catedral com maior número de estátuas do mundo. E assim, entre gárgulas e santos, é possivel observar; um insecto, um dragão, dois jogadores do boxe, não esquecendo a estátua da liberdade semelhante é de Nova Iorque.

Situada sobre a agulha mais alta, encontra-se a imagem da virgem santíssima a "Madonina". À época, foi regida uma lei que impedia que qualquer edifício ultrapassa-se a estátua, com o passar dos anos essa lei foi alterada. Assim, qualquer prédio que ultrapasse a Madonina terá de colocar uma réplica da mesma no topo do edifício.

Duomo de Milão 

Infelizmente não consegui ver todos estes pormenores, o tempo e a ansia de tudo ver não o permitiram. 
A minha breve visita a Milão estava terminada, muito ficou por visitar.
A viagem prossegui e eu muito grata por tudo o que vi.