Registos da Memória / Verona - 2016

Desde menina sempre gostei de escrever e "colecionar" sebentas transformadas em diários que foram ficando perdidas no caminho da minha existência. Depois, muito mais tarde, quando a vida me permitiu viajar comecei a anotar tudo que acontecia durante a viagem, a guardar bilhetes, folhetos informativos e claro, muitas fotografias. Ainda mais tarde, quando o  tempo começou a ajudar, empenhei-me em criar algo mais completo que me permitisse contar as histórias engraçadas ou bizarras e todas as sensações vividas durante as viagens. Ainda mais tarde, comecei a ver o diário como uma possibilidade de desenvolver a criatividade e criar algo mais "artístico". Foi quando descobri o quão relaxante e terapêutico é para mim.

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Acordámos bem cedo e à hora do almoço chegámos a Verona.

Após a refeição e o convívio que esse momento proporcionava, "ordem" de passeio livre pela cidade imortalizada por Shakespeare, e o grupo dispersa-se naturalmente.

Encontro-me rodeada de turistas e apercebo-me que não preciso de mapa ou GPS bastava-me seguir a agregação humana que decerto me iria conduzir aos pontos mais interessantes da cidade. Gosto de “remar contra a maré”, mas sozinha não me atrevia. Em breves instantes chego à Piazza Bra. Sinto-me transportada para uma cena de um filme de gladiadores, a única Itália que conhecia, a das telas de cinema e de Tv, estava ali à minha frente. Sempre sonhara visitar este país e estava a acontecer. Parei sem saber o que fazer, apenas a apreciar aquela arena romana. O burburinho da multidão desaparecera, estava só com os meus pensamentos, e quando penso que nada pode melhorar aquele momento eis que surge um “gladiador” que caminhava ligeiro falando ao tlm e nesta vista anacrónica desperto para a realidade pela voz de um companheiro de viagem que me pedia se lhe podia tirar uma foto a ele e à sua esposa, acto que faço de bom grado, mas sem perder a oportunidade de retorno. Agitada para não perder o “cenário” faço pose e mesmo sem o gladiador no enquadramento, a falta que faz um bom fotógrafo às vezes, sinto-me personagem do meu recente imaginário.

 

 A Arena de Verona é um grande anfiteatro do Séc. I que na actualidade  acolhe concertos musicais. 

A visita à cidade continuou na companhia desse casal e bastou-me ver o acúmulo de pessoas para perceber que me encontrava noutro ponto de interesse turístico, a “casa da Julieta”. Se a história de Romeu e Julieta é verdadeira é uma incógnita, mas real é o aglomerado de pessoas que no local da tragédia lírica, rabiscam juras de amor eterno. Entre empurrões e manobras hábeis “lutam" os turistas, sobretudo os homens, para tirar a foto da “praxe”; colocando a mão no seio esquerdo da Julieta, que coitada, de tanto contacto físico já tem o seio brilhante de tão polido estar. No recanto do pátio lá está ela, a varanda onde Julieta surgia na calada da noite para ver o seu amado romeu e eu numa destreza quase impossível registo a Julieta sem nenhum intruso por perto.

A Piazza del Erbe encontra-se rodeada de monumentos como o Palazzo Maffei de estilo Barroco que chama a atenção pela sua fachada. No topo, seis reis da mitologia estão representados em estátuas. Na frente do Palácio encontra-se a Coluna de São Marcos com o seu emblemático leão alado  "Leon Marciano" símbolo da República de Veneza.

Outro ponto marcante é a casa dei Mazzanti do séc. XII com belíssimas pinturas que decoram o extenso edifício. O monumento mais antigo da praça é uma estátua romana de Madona Verona do séc. IV que se encontra sobre a Fonte datada do ano de 1368. À saída da praça cruzamos o Arco della Costa e entramos na Piazza dei Signori, onde resistentes palácios dos séculos XIV e XV marcam imponente presença. Por último avisto o rio e a sua bonita ponte e o Palazzio Vecchio. 

 O dia estava a terminar e com ele o meu passeio por Verona uma bonita cidade da região de Veneto.